segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Cores e a Visão de Cães e Gatos

Alexandre Medeiros (PhD, University of Leeds – Professor de Física e Astronomia, UFRPE)

SÉRIE DE TEXTOS: A FÍSICA NO DIA A DIA
AUTOR: Alexandre Medeiros
TÓPICO: CORES, CONES e BASTONETES, DALTONISMO: A visão de cães e de gatos
TÍTULO DO ARTIGO: Os cães e os gatos enxergam as cores ou vêm tudo em preto e branco?

Cães e gatos são animais de hábitos noturnos, tradicionalmente bons caçadores. Eles foram domesticados há apenas 15.000 anos e o processo evolutivo ainda não teve tempo de adaptá-los a uma visão diurna. Com os olhos adaptados à visão noturna, eles enxergam com baixa intensidade de luz, mas em compensação não distinguem tão bem as cores.




Isso ocorre porque no fundo dos olhos (na retina) dos mamíferos existem dois tipos diferentes de estruturas biológicas, com células especialmente adaptadas para distinguir diferentes intensidades de luz (os bastonetes) e diferentes comprimentos de onda (os cones).


É isso que permite que esses animais percebam os distintos iluminamentos e as diferentes cores, assim como as suas tonalidades intermediárias.


Enquanto, porém, existe apenas um único tipo de bastonete, existem três tipos diferentes de cones; um tipo para cada cor fundamental: verde, vermelho e azul.

Um ser humano normal possui os três tipos de cones e por isso sua visão apresenta um amplo espectro de cores e de tonalidades intermediárias e é chamada de tricromática.
Por outro lado, os indivíduos ditos daltônicos são aqueles que apresentam apenas dois tipos de cones, geralmente com a ausência do cone responsável pela percepção da cor verde. Sua visão é dita, por isso, dicromática. Tais indivíduos têm dificuldade em distinguir o vermelho do verde.
Cães e gatos são semelhantes aos indivíduos daltônicos, pois eles também apresentam apenas dois tipos de cones, com a ausência do cone que percebe a cor verde. Entretanto, como animais de hábitos noturnos, que foram domesticados recentemente, há apenas 15.000 anos, um tempo muito pequeno na escala da evolução biológica, os cães e os gatos possuem ainda uma visão plenamente adaptada para a noite e assim sendo, diferentemente dos humanos daltônicos, eles têm suas amplas compensações visuais.
A menor variedade de cones é compensada nos cães e nos gatos pelo maior número de bastonetes que possuem em suas retinas, o que lhes possibilita ver melhor com baixa intensidade de luz. Por causa deste maior número de bastonetes, também, eles conseguem distinguir com mais rapidez que os seres humanos pequenas variações em uma cena; ou seja, eles apresentam um menor tempo de retenção visual na retina. Isso faz com que possam perceber movimentos muito rápidos, daí terem eles reflexos visuais bastante apurados para o movimento. De outra parte, contudo, isso faz com que eles não sejam iludidos, como nós, pela exposição de figuras semelhantes em rápida sucessão, o que produz em nós a sensação do movimento (como no cinema e na TV). Com um tempo de retenção visual menor, eles devem perceber a nossa TV e o nosso cinema como uma sucessão de quadros independentes.


De todo modo, no que diz respeito à percepção das cores, os cães e os gatos não enxergam apenas em preto e branco, como se costuma dizer; mas, sim em uma escala mais simples de cores e de tonalidades intermediárias.


Sua visão das cores é mais simples do que a dos seres humanos e ao mesmo tempo também mais borrada, como ilustra a figura ao lado.



PARA CITAR ESTA FONTE: Medeiros, Alexandre. Os cães e os gatos enxergam as cores ou vêm tudo em preto e branco? BLOG Física e Astronomia_Alexandre Medeiros.
http://alexandremedeirosfisicaastronomia.blogspot.com/2011/10/fisica-no-dia-dia001.html Acessado em 10 de Outubro de 2011. (atualizar a data)

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