terça-feira, 4 de outubro de 2011

Diagrama do Século XVII sobre Misterioso Fenômeno Celeste

Alexandre Medeiros (PhD, University of Leeds - Professor de Física e Astronomia, UFRPE)


Segundo nos informa a revista Nature (30 de setembro de 2011), foi encontrado no início deste ano de 2011, em uma biblioteca alemã, um antigo DIAGRAMA do CÉU de Roma que se julgava há muito tempo perdido. A referida imagem retrata um MISTERIOSO FENÔMENO avistado ao meio dia no céu de Roma no dia 24 de janeiro de 1630: surpreendentes e belos halos luminosos que foram tomados pela maioria dos leigos e religiosos da época como sendo apenas sinais de um bom presságio. Os misteriosos halos faziam com que parecesse haver SETE SÓIS sobre Roma; um efeito semelhante ao produzido por um CALEIDOSCÓPIO, um divertido instrumento que só viria, entretanto, a ser inventado no século XIX, na Inglaterra, por Sir David Brewster.
O misterioso fenômeno testemunhado em Roma no século XVII foi estudado, àquela época, pelo astrônomo holandês Christoph Scheiner que o registrou no célebre diagrama acima referido. Scheiner registrou este fenômeno assim como outro semelhante que havia sido observado por ele alguns meses antes em 1629.

Seu trabalho inspirou o grande físico e astrônomo Christiaan Huygens a desenvolver a primeira teoria sobre estes tais “efeitos halo” explicando como eles poderiam surgir naturalmente.
Os efeitos halo são causados por PARTÍCULAS DE GELO SUSPENSAS NA ATMOSFERA E QUE REFRATAM E REFLETEM A LUZ, atuando assim como um verdadeiro Caleidoscópio. Eles frequentemente se apresentam na forma de CÍRCULOS ou ARCOS em torno do SOL ou da LUA. Por isso, algumas vezes, IMAGENS FANTASMAS do SOL ou da LUA, conhecidas como “parhelia” aparecem em certos pontos ao longo de tais halos.
As cartas e os diagramas de Scheiner, representando os tais misteriosos halos, passaram de mão em mão entre os seus contemporâneos para serem interpretados, influenciando vultos da ciência como o filósofo e matemático francês René Descartes a buscarem explicações para referido fenômeno. Tanto os originais quanto os diagramas já haviam, entretanto, desaparecido quando por volta de 1658, Huygens interessou-se pelo assunto. Ele tomou conhecimento do fato a partir de um livro do astrônomo francês Pierre Gassendi no qual havia uma cópia do diagrama de Scheiner de 1629, assim como uma descrição do fenômeno observado e do diagrama de 1630. Baseado nessas informações, Huygens construiu o seu próprio diagrama do fenômeno de 1630.
Por muito tempo, a reconstrução de Huygens foi o mais antigo registro preservado daquele misterioso fenômeno. Entretanto, na década de 1890 uma figura original de Scheiner apareceu na biblioteca da Universidade de Munique. Tempos depois, porém, na Segunda Guerra Mundial, ela foi destruída em um bombardeio da biblioteca em 1943.
O diagrama, deste modo, perdeu-se e restaram apenas menções sobre a sua existência. Uma outra cópia do mesmo foi agora encontrado por uma bibliotecária alemã e o achado foi relatado este ano na revista Applied Optics.

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